(Murilo Teixeira/Matheus Alves)
Alvoroço de encilha, bem cedo se calça a espora
Meu gateado, estrada afora, leva na testa a boieira
Encharcam na enchente as basteira' por saber já dessa vida
Pingaço de toda lida ponteia a tropa manheira
Trocar as vaca' de campo pra encaminhar novo cio
Campeia um vau pelo rio de cruzar com a comitiva
Grama, forquilha nativa, na espera da novilhada
E alguma antiga falhada que um novo cio reativa
Tomba na água a vacagem que, destinada pra cria
Bandeia na melodia que um berro ecoa no mato
É bem assim que relato, quem é de campo conhece
Que o aboio vira prece quando se aperta de fato
Vai da culatra ao fiador o aboio que longe foi
Num tranco de "êra boi", vai de encontro ao Camaquã
E a goela de algum tajã estremece na barranca
Abre o peito e forte canta na calma desta manhã
Sem refugo a tropa toda testa a fúria da correnteza
E segue na incerteza de arreio e poncho encharcado
Põe a tropa inteira a nado com a perícia dos tropeiros
Que se fizeram campeiros nos fundões do meu estado
Desponta pelos barrancos, se ajeita e revisa as conta'
Largo o gateado na ponta e a tropa segue marchando
Ao passo vai se ajeitando, solta as vaca' na invernada
De campo bom e aguada pra o verão que vem rachando
Tomba na água a vacagem que, destinada pra cria...