(Túlio Urach/Gibão Strazzabosco)
Puros como a cria que a mãe ainda nem lambeu
Vasculham, na tarde, silêncios e sons
Buscando a harmonia onde a perfeição se escondeu
Encilham acordes pra voz camperear com o verso
Abrindo porteiras pra ver no pasto
O coração manso, ruminando, disperso
Umbigos encantados, brilhantes, nutriram-lhes com três essências de um dom
Paridos em províncias distantes, cruzaram destino, filhos do som
Nas raízes da árvore grande, à frente das casas estavam
E das razões de ter dom, atônitos, se perguntavam
Quando uma leveza discreta de nuvem amorenou o dia
Guitarreiro, cantador, poeta, desafiava uma inspiração tardia
Dali percebiam apenas um cantar de calhandra, um potro em furor
E o vento mesclando, serenas, nuanças de rio, como aromas de flor
Quisera deus semear a beleza do campo na alma do homem
Pra ver florescer a virtude, com a simplicidade que a arte resume
Clarividência ao poeta, herdara do vento, o profeta de cada estação
Indomáveis patas disparam, violentas, no alambrado o braço do violão
E a voz de quem canta com plumas na alma é, por vezes, sussurro, por outras, trovão
Furor de patas nuanças de vento, sussurro e trovão
Furor de patas nuanças de vento, sussurro e trovão
Puros como a cria que a mãe ainda nem lambeu...