(Adão Quintana/Armando Vasques)
Reponto nuvens, risco a marca em couro duro
Sou vento norte, coice forte, arrepio
Sou potro xucro que o ginete não enfrena
Sou vida e morte, faca afiada, chuva e frio
Nasci gaudério, pampeano, assobiador
Irmão das quinchas, corredor de pampa e terra
Sou brisa mansa enquanto, em paz, sei ser afago
Tormenta brava quando ergo o grito em guerra
Ninguém me monta, me encilha ou me enfrena
Empino os cascos e, entonado, corcoveio
Sou vento norte, potro forte, ventania
E o meu lombo nunca conheceu arreios
Prenunciando temporais, reponto tropas
Aparto nuvens no aboio do meu grito
E se me ponho a milonguear nos alambrados
Canto querências nos meus rumos infinitos
Ninguém me monta, me encilha ou me enfrena...