(Dionísio Costa/Angelo Marques/Ricardo Marques)
Num domingo em fim de tarde, lá no rancho da fronteira
Se empeçou uma domingueira de gaita, bombo e violão
E uma mestiça abugrada que vinha de um pago alheio
Se atracou num sarandeio, de fazer tremer os garrão'
Naquele bailado guacho, feito às pressa', no improviso
O meu olhar sem juízo se embretou nos olhos dela
Um chamamé pediu cancha no floreio da cordeona
E a cantiga redomona se escapou da minha goela
Morena, não me judia com este olhar pedichão
Que tu tem tudo que é bão e eu não mereço tanto
O meu mouro tá lá fora relinchando no mormaço
E a garupa tem espaço pra engarupar teu encanto
Não é possível em versos desenhar aquela cena
Do sarandear da morena num chamamé correntino
Emparceirando seus olhos com lampejos de candieiro
Vinha um sorriso matreiro que aquerencia um teatino
Senti uma vontade imensa de cruzar pelo povoado
Com ela de braço dado me ajoelhar lá na capela
Enquanto a noite se vinha, costeando a beira do mato
Emcambichado de fato, cantei bombeando pra ela
Morena, não me judia com este olhar pedichão...