(Gracio Pessoa)
Veio junto com a potrada
Comprada lá na fronteira
Junto com outra manada
Foi pra estância das porteiras
Um baio crina de seda
Aporreado já de fama
Me falou o capataz
Este cavalo, rapaz
Fez muito peão comer grama
E o baio crina de seda
Troteava, me provocando
Trocava orelha e bufava
Galopava, veiaqueando
Nas pata´ ele trovejava
Com a cola embandeirada
E as crinas branca´ abanando
Apartei ele pra um lado
Reboleei a boleadeira
Pé de amigo apresilhado
Trouxe o baio pra tronqueira
Quem vai se entregar primeiro
Quem fica pra contar a história
Sempre fui um peão teimoso
Vi que o baio era tinhoso
E baixou toso campo afora
E o baio crina de seda...
Mas te conto, meu parceiro
Da morte me veio a imagem
Naquele despenhadeiro
Arriscar não é coragem
Credo em cruz, deus nos defenda
Coisa igual nunca se viu
Nem no ar e nem no chão
Só parou o redomão
Lá na barranca do rio
E o baio crina de seda...
Por certo, também pensou
De que vale esse cinismo
Quando de cepo bancou
Em riba daquele abismo
Golpeei numa rédea só
Se virou nas duas patas
Acalmou e foi embora
Eu já só com um pé de esporas
E o cabo da chibata
Mas pra domar eu tenho o jeito
Faço a marca e dito a lei
Amansei ele a preceito
Só um segredo deixei
Meu baio tem compreensão
Linda estampa e disciplina
Me obedece quando eu falo
E o crina de seda baio
Só dá garupa pra china
E o baio crina de seda...
Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.
Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.
Pequena tora (preparada ou não), que serve de banco nos galpões-de-fogo.
Apero de couro (torcido, trançado ou chato) preso às gambas do freio, que servem para governar os eguariços.
Anca.