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Vaneira da Quitéria

Filosofia de Andejo (1993)

Luiz Marenco

Sou estradeiro pois nasci de alma gaudéria
E hoje eu vou lá pra quitéria pois conheço bem o vau
Quebro o chapéu tranco o garrão e meto nojo
Depois de beber um apojo no bolicho do selau

Herdei dos taitas este jeito campesino
E por isso seu ervalino sou assim e não me abalo
Ando solito e não respeito rio cheio
E onde eu me agrado eu me apeio do recau do meu cavalo

Minhas ânsias potras que não conhecem mangueira
Escaramuçam na vaneira e pastam soltas só por farra
Marcas gavionas com cordeonas de sinuelo
Que ao cruzarem deixam pelos no alambrado da guitarra

Me criei solto e guardo a reverência séria
Pois a alma da quitéria sopra em mim e me provoca
Trago na goela rumor de vento teatino
E fui assim desde menino no costado do tio zoca

E eu largo sigo carregando a sina andeja
Igual carqueja na orquestração natural
Pois sem costeio muito tenho matreiriado
Num boi barrado de rolar no banhadal

Nos dias tristes minha alma deixa a matéria
E voa livre pra quitéria se estendendo no repique
Eu sinto em mim a vibração que vem da terra
E escuto um grito de guerra do meu tetra avô cacique

Mesmo distante eu lembro de ti contrito
Meu campechano distrito que neste canto se esvai
Estrela pampa perdida na imensidade
Que alumbra minha saudade e adoça meu sapucai


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