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Rincão dos Touros

Filosofia de Andejo (1993)

Luiz Marenco

Sobra cavalo pra cantar este rio grande
Largo a cabeça do meu verso pêlo mouro
Sou crina grossa, crioulo dos olhos d'água
E peão campeiro da estância rincão dos touros

O grujo velho capataz a muito tempo
Meio lunanco das tropadas que levou
E mesmo assim segue bolcando a cada pealo
Xucros e malos que o destino lhe entregou

Na recolhida o negrinho salta em pêlo
Numa gateada mui llerena e traiçoeira
Se esconde a cara no sair do parapeito
Já de vereda enreda a marca na soiteira

A cachorrada no movimento da encilha
Faz uma festa de latidos esperando
Que a indiada saia pra fazer um costadito
Num desbocado que se arrasta corcoveando

O saragossa cria de alla do uruguai
Contrabandeou a própria vida por aqui
Passeando espora nos veiaco das estância
Bandeando potros nas cheias do piraí

E o dom felipe vaqueano desta fronteira
Bateu na marca pra o rumo das serrilhada
Poncho emalado pingos de muda por diante
Busca uma tropa que a esse tiempo foi comprada

Rincão dos touros esperança de à cavalo
Na resistência tranqueando de lombo duro
É um contra-mestre segurando a linha reta
Que a tradição vem alambrando pra o futuro

Sobra cavalo pra cantar este rio grande
Largo a cabeça do meu verso pêlo mouro
Sou crina grossa, crioulo dos olhos d'água
E peão campeiro da estância rincão dos touros


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