Depois dos Sonhos Talvez
Filosofia de Andejo (1993)
Luiz Marenco
Trote manso rumo gasto na persistência da trilha
As léguas mostram cansaço pela melena tordilha
O entardecer busca pouso sobre o verdor de coxilhas
Talvez depois que o caminho, trocar o rastro por prece
Fique este imenso saber, que só estrada oferece
Na mente dos caminhantes, que ressuscita e enternece
Fique a memória rondando na lide dos domadores
E em cada palmo de campo o timbre dos seus valores
E muitos sinais de fogo ao longo dos corredores
Restem marcas das esporas pelas ilhargas dos malos
Na ilhapa o testemunho dos tirões de tantos pealos
E a perícia de campeiro pelas bocas dos cavalos
Fiquem pilchas e arreios e alguns fletes por aí
Grameando pastos alheios de amigos que fez aqui
Que taloneados comecem, algum caminho guri
Talvez já não haja sonhos somente a eternidade
Por entre luzes e estrelas, a paz a serenidade
Deixando a imagem no pago para explicar a saudade