Botando Um Pealo
Interior (2003)
Luiz Marenco
Um pampa brasino mocho
Ganhou o mundo da porteira
Levantou terra por touro
E disparou na mangueira
Eu ajeitava minha armada
Quatro rodilha' e um destino
Um doze braça' de oito
Do couro de um boi salino
Zuniu o vento no céu
Bateram bombos na terra
Era um encontro ao acaso
Era um combate de guerra
Cruzou o pampa brasino
Meu laço seguiu seu rastro
Tava' com fome de um pealo
O boi foi lambendo o pasto
O pampa juntou as mãos
Deu cara, volta e planchou-se
Estendeu umas dez braças
E depois acomodou-se
Parece que foi rezar
Pra o seu santo protetor
Mas o meu santo é mais forte
E ainda é pealador
Pois quando boto um pealo
Meu tirador nem faz conta
Quadro o corpo e só escuto
O estouro na outra ponta
Deixo, assim, que se estenda
Depois, que espiche meu laço
Eu ainda me governo
Seja com jeito ou no braço
Logo se vem o capataz
Com a peonada apertando
Firma a cabeça e coleia
Por que a marca vem queimando
E a faca no serviço
Por bem afiada, se guia
E deixou um risco de sangue
Coloreando na viria'
Depois, foi um e mais outro
Serviço de tarde inteira
Era um buraco no chão
Na saída da porteira
Pra resumir essa história
Vou lhes contar como foi
-Quando caí, era touro
Depois do pealo, era boi
Pra resumir essa história
Vou lhes contar como foi
-Quando caí, era touro
Depois do pealo, era boi
Depois do pealo, era boi