Um Gaúcho no Planeta Atlântida
Poesia Presente (2017)
Odilon Ramos
Eu tava sem fazer nada
E um primo meu meio louco
Não se falando sério,
Não sei se prá fazer pouco
Me convidou para ir num tal de planeta atlântida,
Nem te conto, que sufoco.
Conhecer outros planetas
Vontade sempre me dá
Já mandei até bilhete pra um marciano me buscar
Porque no campo onde eu moro
Não tem condução pra lá.
Chegando no tal planeta,
Eu até fiquei contente
Por ver que o povo de lá até parece com a gente
Tem zóio, nariz, zoreia e a boca
Cheia de dente.
O meu primo que usa brinco
Se entreverou no banzé,
Todo mundo corcoveando
Batendo as mão e os pé
Quiseram me botar brinco, e eu disse:
Tá me estranhando, sou home, não sou muié.
Um magro disse pra mim: pô e eu disse pô
Eu falei que o planeta dele é quase igual de onde eu sô
E o magro disse pro outro: a pinta aqui viajô.
Um me pediu erva e eu não sou de qualquer porquera
Fui na mala de garupa e peguei uma da palmeira
Cadê tua cuia, tua bomba e tua chaleira
O magro cheirou minha erva e disse:
Tá por fora, se não entra na minha porque não vai embora.
A gente aqui não aceita grosso de bota, bombacha e espora.
Eu fiquei meio chateado mas não levei muito a mal
Não gostei do tal de rock como fundo musical
Prefiro o violão do paulinho ou a gaita do monteiro
Pra dizê um verso bagual.
Nisso passou uma guria muy linda, de mini saia
Me olhô de alto a baixo com os óio assim de lacraia
To tri a fim de ti cara, vamo lá na minha baia
Mas minha mãe me avisou: filho não se comprometa
Te cuida com a tal de aids que é uma praga no planeta
Falei isso pra guria, ela ficou uma cobra
Sai daqui pinta careta, o jeito foi ir saindo
Com gosto de sal.
Por sorte encontrei um grupo de freio, rédea e buçal
Que era a companheirada que vinha na cavalgada,
Percorrendo o litoral.
Adeus planeta atlântida, vou voltar pro meu planeta
Pro meu cavalo, meu cusco, meus bois e minha carreta
Ovelha não é pra mato e quem não pode não se meta