Alma de Taura
Campeirismo 4 (2003)
João Luiz Corrêa
A alma de um taura não nasceu pra ter sossego,
Pois os pelegos dormem no lombo do pingo,
Quem corta o mundo, sempre encurtando distâncias,
Acalma as ânsias num perfume de domingo.
Caraguatá, unha-de-gato e carrapicho,
Nunca foi bicho pra fazer trocar de rumo,
Quem traz na alma a xucreza do campeiro,
Por caborteiro faz do tempo o seu aprumo,
Jeito de guapo com a altivez de um galpão,
Garra de um chão retemperado na vivência,
Todo gaúcho desse rio grande machaço,
Sabe que o braço abre o caminho da existência.
Todos os rincões trazem mesclados seus costumes,
E até tem ciúmes quem não naceu por aqui,
Aperá um pingo e se pilchá bem a preceito,
É um direito, que se tem desde guri.
O nosso estado traz na alma a tradição,
E um coração que é farroupilha de nascença,
Nossa doutrina secular abagualada,
Já vem timbrada, no bojo desta querência.