Pêlos / A Primeira Vez
Campeirismo 4 (2003)
João Luiz Corrêa
PÊLOS
Recrutando a potrada corro as varas da mangueira.
No bate patas do campo, só ficam vultos e poeira!
São gritos de bamo-cavalo
toca-toca, êra-êra…
Entre potros que amansei, que sentei meu lombilho,
Foram baios e ruanos, sebrunos e douradilhos,
Já quebrei muitos tubianos, alazão, preto e tordilho,
De vinagre até um negro, todos os pêlos eu encilho,
Gateados e lobunos, zainos também domei,
Um rosilho prateado em malacaras andei.
Arrucinei um bragado, um oveiro negro, um rosado
Um chita, um branco ou melado. Um picaço pata branca,
Que por sinal desconfiado, especial baio-gateado,
Que nunca deixou-me a pé.
Um tostado bico branco,tropiei muito pangaré,
Um colorado cabano, um azulego mui feio,
Que às vezes em volta do rancho deixava mascando o freio
Só me falta o potro mouro que é pra sentar meus arreios.
São gritos de bamo-cavalo
toca-toca, êra-êra…
A PRIMEIRA VEZ
A primeira vez que eu vi você meu grande amor
Não quis acreditar e mesmo assim aconteceu
A primeira vez que eu vi você
O vento pela rua assoviava o chamamé
A primeira vez que eu vi você
Senti no seu olhar a luz do entardecer
Aprendi a sonhar antes de adormecer
E a vida foi chegando de uma vez
E o amor se fez
Quem me dera ter você mais uma vez
E o amor se fez
Essas coisas só acontecem uma vez
Pois quando o amor se vai
A gente não esquece mais
Nasce nos olhos vem um suspiro
Um bem-me-quer se desfolhou
Vai batendo coração
Porque encontrei meu grande amor
Marquei o dia, marquei a hora
No calendário que o amor fez
A estação da paixão
A minha primeira vez