Tirando Lasca / Batendo Casco
Campeirismo 4 (2003)
João Luiz Corrêa
TIRANDO LASCA
Num entrevero desses de torcer o espinhaço
No salão do Tio Horácio encontrei de novo a Chica
Quase me bica e num jeitão bem debochado
Saímos os dois embolado igual galinha nanica
Varo salão dançando meio mamau
Me viro num pica-pau tirando lasca da Chica
Chiquinha véia
Quando estala os zoinho
Se vai chacoiando as anca
Quase que mata o veinho
Sou cantador e levo a vida flauteada
Não me falta quase nada tendo a Chica, gaita e trago
Aonde vou eu levo ela bem pintada
Setenta quilos de balda tesouro desse índio vago
Só se apartemo quando as vidas se acabarem
Ou quando se terminarem as bailantas do meu pago
BATENDO CASCO
Num bater de casco me larguei a campo fora
Procurando um baile daqueles de antigamente
Fui de a cavalo porque sempre fui gaudério
Pois um gaúcho não se entrega num repent
E e no caminho já convidei uns parceiros
Pra ir comigo dançar naquele surungo
E na chegada me “acarquei” com uma morena
E no balanço me senti dono do mundo
Se o balanço é bom
Eu já me largo pra sala
Gaita velha me embala
Pros fandangos na fronteira
To acostumado a chegar nesse surungo
E me sentir dono do mundo
Quando danço uma vanera.
Esse fandango lá na costa do povoado
Era animado pelo gaiteiro tio joão
Que lá num canto chacoalhava a gaita velha
Acompanhado de um pandeiro e de um violão
E eu na sala me embalava pros dois lados
Bem agarrado na filha do nego juca
Esses fandangos de campanha, meu compadre
Sempre até mais tarde num belisca e me cutuca