Décima dos Potreadores
Das Coisas Simples da Gente (2002)
Cesar Oliveira e Rogério Melo
Enquanto o mundo for mundo
E um potro arrastar o toso
Se "orquetá" num cusquilhoso
Será ginete constância
E na mangueira das estâncias
A formar a cavalhada
Haverá uma reservada
Para que alguém prove o tranco
E há de estar um minga blanco
P`ra topar essa bolada.
Filósofo de à cavalo
Saragoza - um cruzador
Esse platino condor
Que tempo adentro revoa
E a sua fama encordoa
Para amansar os anseios
Socando bocal e freios
Nas esperanças potreadas
No seu reino das estradas
Sobre o trono dos arreios.
"sid" vigil - potreador
Por todo pago que ande
Ginete do meu rio grande
Raiz de pátria e querência
Largando sua descendência
Sobre petiços d`em pêlo
É um gauchaço modelo
Grudado em lombos de potros
E mesmo que surjam outros
Servirá qual um sinuelo.
Dom raul beliciartu
Irmão de pátria parceira
Que atravessou a fronteira
Trazendo potros por diante
Um ginetaço - um andante
Amanuciando as distâncias
Domando léguas de ânsias
Repassa sonhos bolidos
E galopeia os sentidos
No varzedo das estância.
Almeida - melena branca
Centauro nesta fronteira
No laço e na boleadeira
Traz maçarocas de crina
É um cacique na campina
Com "lunarejos" de "allá"
O rancho de lado de cá
A divisa - um fio de lombo
E as esporas que é um assombro
Nos costilhar do aceguá.
Jardim, silva e alberdanha
E outros que omiti
Me perdoem, porque aqui
O tempo se pára escasso
Já na presilha do laço
O verso é tropa - se afina
Já rebentou toda crina
E falta força na perna
É a lei que nos governa
O que começa, termina.