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Entre o Galpão e a Mangueira

Alma de Fronteira (2003)

Cesar Oliveira e Rogério Melo

Tanta cosa aquí se passa
Uma conversa parcera
Uma costura bem feita
Ponteando uma corda chata

Um truco bem orelhado
Pra os ressábios de um embido
E a bendição da cachaça
Na volta de algum bolicho

A poeira das invernadas
Que vem nas patas dos bois,
A vóz antiga do avô
Na sombra dessas ramadas

É no palanque cravado
Que a alma da curunilha
Estira alma de um potro
Bem antes de uma rendilha

É na soltada do gado
Que se impacienta meu mouro
Aliviando a porteira
Pra os causo de algum estouro

Tanta milonga que vem
Ao repensar minha raça
Ao reencontrar meu sinuelos
Junto ao fogão e a fumaça

As vezes alguma estrela
Lacrimejando um recuerdo
Recria a copla perdida
Que eu esqueci em mim mesmo

Ou na alegria tamanha
Nos olhos do meu overo
Que espicha a alma de perro
Do catre junto aos arreios

Tristeza aqui eu assumo
Sempre assumi bem jujada
Deixo no mais que se renda
Aos feitiços da guitarra

Entre o galpão e a mangueira
A vida é bugra e enfeitiça,
E retempera os aprontes
Pras investidas da lida


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