Por Ter Querência na Alma
Xucro Ofício (1995)
Joca Martins
Um resto de cacho atado
E um rangido de porteira
Trago na alma gravado
Cada naco de fronteira.
De sentar um "cogotilho"
Vez em quando me dá gana
Então busco de minhas garras
A sua imagem de badana.
E talvez de um par de esporas
Ainda sobre o talareio
Pra que eu me lembre de uma copia
Que emalei com meus arreios
Parece que prendo aos tentos
Um bocal ainda com baba
E o bagual sempre de tiro
No final das revisadas!
Se conservarão grongueiras
As imagens que guardei
Pedaços de pampa grande
Que aos meus olhos estancieiros
Do matear que madrugava
Fogoneando co'as cambonas
Lembro os chasques que mandavam
No intervalo das cordeonas
Garroneando algum brasino
Um coleira mais que bueno
Com vista de peão de estância
Traquinava no rodeio
No grito de "tô a cavalo"
Se soltava um fiador
E a soiteira se enredava
Donde a marca têm valor.