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Recordação

Xucro Ofício (1995)

Joca Martins

Bem na frente deste rancho
Na sombra desta ramada
Tomei muito mate amargo
Já fiz muita sesteada
Tendo a chinoca ao meu lado
Mais linda do que uma flor
Eu vivia mui folgado
Um peão apaixonado
Todo enredado de amor

Saudade, coisa esquisita
Vive a nos rebenquear
Tá certo, não vale a pena
Mas sempre é bom recordar

Chinoca que já foi minha
Te foste pra outro pago
Fiquei tão triste, sozinho
Sentindo a falta do afago
Tu te cambiaste com outro
E te foste pra não voltar
Hoje eu vivo recordando
Saudade cabresteando
Campeando pra não chorar

Saudade, coisa esquisita ...

Rancho velho, abandonado
Tu sentes a mesma dor
Já não abrigas mais nada
Meu velho ninho de amor
Sombra amiga dos meus sonhos
Sombra da minha ramada
Hoje eu venho despedir-me
Da sua última sesteada

Saudade, coisa esquisita ...

E se, um dia, tu retornares
Chinoca que eu tanto quis
Só encontrarás tapera
E um coração infeliz
Mas se voltares chorando
Implorando o meu perdão
Já não terás mais guarida
Do meu pobre coração

Saudade, coisa esquisita ...


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