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Meu Último Verso

Em Nome do Pai (2005)

João de Almeida Neto

Afif Jorge Simões Filho

O meu último verso será triste e débil
Como o gemido de um pássaro batido pelo inverno.
Não direi nenhuma frase grandiosa na agonia,
Que o mundo está cheio de frases e vazio de sentido.

Será apenas um verso balbuciado no tumulto,
Sem nada de apocalíptico ou condoreiro.
Será um verso manso, quase inaudível, de despedida
Às minhas velhas gravatas, desfeito o tope para sempre.

Quando a trombeta das milícias derem o sinal de alarma,
Não conteis com meu verso para Hino do Batalhão.
Não será marcial, não terá nenhuma aliança com o futuro,
Será um verso implume, sem fôlego e sem garras.

Que o recolham os amigos, sem querer ouvir mais
Do que ele lhes disser no adeus tão contrariado.
Será apenas um verso noturnamente triste,
Preso como um molusco à crosta do silêncio.


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