O Lavrador
Carteio da Vida (2002)
Telmo de Lima Freitas
Num talho de fora a fora, rasgou a primeira verga
A vista bem pouco enxerga na cerração com neblina
A velha junta brazina vai tranqueando embiqueirada
(Cheirando terra lavrada, capim limão e guanxuma). Bis
As leivas, uma por uma, se rebolcando parelhas
Tal qual rebanho de ovelhas quando estão no parador
Vão se partindo em fatia, bolcadas num só compasso,
(Mescla de suor e cansaço do rosto do lavrador.) Bis
As vergas hoje passaram pra'o rosto de quem arou
Só se vendo o que restou dos trastes do lavrador
Antigo labutador, trabalhador sem descanso
(Pois também era boi manso pra todo e qualquer serviço) Bis
Mas, certa feita, o destino levou a junta parelha
De brasino cor de telha pra'o rumo do matador
O velho, então, desgostoso, arreglou sua mochila
(Saiu num tranco moroso, no sem fim do corredor.) Bis
(Levando nos próprios olhos um sonho de lavrador.) Bis