Capa Gaúcha
Carteio da Vida (2002)
Telmo de Lima Freitas
Minha capa flor de buena,
Não bandeia nem por nada,
Meu aconchego campeiro,
Companheira de tropeada,
Que guarda histórias antigas
E topa qualquer parada.
Quando o tempo se prepara
Pras bandas do chovedor,
Deixa que venha, la pucha!
Eu sempre fui chegador.
Toureio chuva e trovoada
Com flecos do tirador.
Na garupa do meu baio
Aprendeu baldas e manhas,
Se campear algum soluço
Vão encontrar nas entranhas,
Porque essa capa gaúcha
Testemunhou mil façanhas.
Capa que já me serviu
No costado d'algum brete,
Às vezes acompanhado
Num frio de arrepiar o topete.
Não tem nada, nem que tenha,
Nem que chova canivete...
Quando o pealo for daquele
De rebentar a ilhapa,
E escapar com os arreios
Desta vida flor de guapa,
Me permitam esse luxo
De viajar com a minha capa.