Negro Juvenal
Pedro Ortaça e Filhos (2015)
Pedro Ortaça
Na minha terra havia um negro
Por nome de Juvenal
Quando este negro cantava
Mais parecia um sorçal
Garganta de cotovil
No meio do pajonal
Negro taura e respeitoso
Não gostava de alarido
Da meia-noite pra o dia
Ele firmava o sentido
Abria toca sapateando
Nos bailes de chão batido
Declamado:
Não ia no "diz-que-disse"
Nem gostava de fofoca
Respeitado da peonada
O mimoso das chinocas
Dispensava a jaguarada
Pra arrancar tatu da toca
Quando botava um armada
Um grito se vinha à tona
Andejo, taura liberto
Sem nunca levar carona
Era o dono dos bochinchos
Desmamado da cordeona
Declamado:
Se escapasse algum touruna
Ele pedia a bolada
Este fato aconteceu na minha terra colorada
Agarrou um touro a unha
Gritando e dando risada
Por isso canto, senhores
Neste meu jeitão bagual
Lembrando um negro taura
Um campeiro sem igual
Pois com orgulho lhes digo
Que conheci o Juvenal
Pois com orgulho lhes digo
Que conheci o Juvenal