PUBLICIDADE

Caso o Gaúcho Morrer

Sem Tinta (2013)

Jorge Guedes e Família

Eu não sou tatu peludo
Pra viver dentro da toca
Mas para honrar este pago
Me enterro que nem minhoca

Tapeio o chapéu na nuca
E se vão lidar co’a potrada
Quando laçarem o mais maula
Eu chego e peço a bolada

Dou um fio nas duas rosetas
Deixo saltando faísca
Pois ferramenta que eu uso
Quando não corta belisca

Me agrada carreira grande
China e peleia de mango
E de ver uma oito soco
Se desmanchar num fandango

Caso o gaúcho morrer
Depois de um grande entrevero
Vai ficar nas pupilas de deus
Como um quadro derradeiro
Um índio bem à cavalo
Com um sapukay de guerreiro
Abrindo o peito de taura
No lombo dum caborteiro
E o rio grande se guasqueando
Na goela de um missioneiro

Desde que eu fui desmamado
Neste chão que ainda é meu
Ouço os lacaios dizerem
Que o gaúcho já morreu
Pra quem fala que eu morri
Dou de presente parceiro
Um bocal “sujo’’ de sangue
E da baba dum caborteiro

Tenho orgulho desta terra
Castigada da punilha
Onde ainda se houve o grito
Dum centauro na coxilha

Caso o gaúcho morra
E um pranto triste desande
Faça uma prece crioula
Depois escreva e me mande

Quem sabe deus no galpão
Lendo essa prece ao matear
Diga à São Pedro : O Gaúcho
Precisa ressuscitar

Talvez num bagual do céu
Lindaço onde quer que ande
Me mande eu voltar pra pampa
Beijar os pés do rio grande


PUBLICIDADE

Músicas do Álbum

Ver Música
Veja outros álbuns >