Cuiudo Gateado
Sem Tinta (2013)
Jorge Guedes e Família
Tenho um cuiudo gateado
Velhaco do dente gasto
Que floxou o couro do lombo
De tanto ‘‘destorcê’’ basto
Cada vez que encilho o urco
Vira farra e diversão
Mal sento a bunda no basto
Ele arrasta ‘‘os beiço’’ no chão
Meu laço de doze braças
Parceiro de campereada
Só de ventena o gateado
‘‘Ramalho’’ a coice e dentada
Meu tirador pacholento
De ‘‘toureá’’ tigre na jaula
“Ta quaje” sem nenhum fleco
De manotaço do maula
Quando eu vou numa bailanta
Nesse pingo anca de vaca
Tiro fogo das esporas
Maxixando co’a bruaca
Lá de longe ele me cuida
Relinchando atrás da estaca
Até pra pegar o tubuna
Arisco não se conforma
Se não se empaca na mangueira
Atropela a gente na forma
Troncho das duas “oreia’’
Oigaletê bicho brabo
Se amanhece meio loco
Mete “as pata” até no diabo
Seguido come mio-mio
É pior que corvo de esganado
Amanhece relinchando
E nem churrio dá no malvado
Outra feita com um paisano
Lá na terra missioneira
Corcoveou tanto o gateado
Que voltou só de peiteira
Quando eu vou numa bailanta
Nesse pingo anca de vaca
Tiro fogo das esporas
Maxixando co’a bruaca
Lá de longe ele me cuida
Relinchando atrás da estaca