Sonho Antigo
Varais de Esperanças (2017)
Miro Saldanha
(Miro Saldanha)
A cada vez que eu abraço esta guitarra,
Quem me ouve cai na farra e quem não ouve eu não obrigo.
São coisas simples, que eu ajeito no compasso
De acordes que eu mesmo faço e com rimas que eu mesmo digo.
Quem gosta, gosta, pisca o olho e pega a dica.
Quem não gosta me critica, torce a cara e eu não ligo.
Mas eu confesso que o coração sapateia,
Quando o povo me rodeia pra cantar junto comigo.
E a gente abraça os abraços dos velhos amigos,
Enquanto junta os pedaços de um sonho antigo.
De bico aberto, quebrei a casca do ovo
Já cantando, pro meu povo, com a guitarra e a garganta.
Qual quero-quero, sentinela da minha gente
Do garrão de um continente que, pra mim, é terra santa.
O Brasil velho ‘tá cheio de gente esperta
Que ‘tá lá, na hora certa, pra colher o que não planta;
Usando a Pátria no seu próprio interesse.
Por um desaforo desses, que uma raça se levanta!
Espiar o mundo por frestas, também não adianta.
E o bom cantador faz a festa e semeia o que canta.
Eu tenho gosto de cantar o que é nosso,
Fazendo o melhor que posso, pois não tenho faculdade.
Falo do laço, do fandango e do rodeio,
Da chula e do sapateio, da doma e da liberdade.
Mas não me tome por cantor da ignorância,
Por eu ser um peão de estância sem vivência da cidade.
Quem canta a essência tem na pátria o endereço.
E o civismo não tem preço nem prazo de validade.
Esse é o Rio Grande que eu digo, sem meias verdades!
(Bis)
Meu universo de amigos, minha Pátria sem grades.