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Baile Campeiro

Algo Estranho (2004)

Miro Saldanha

Nos pagos da minha terra
O povo tem mais calor;
É fácil fazer amigos
E a vida tem mais valor;
Quando chega a primavera,
Que o campo rebenta em flor,
É tempo de armar cambichos
E os ventos falam de amor.

E quando tem baile campeiro
O dia tem outra cor,
A tarde se faz alegre
E a lida tem mais sabor;
A peonada guarda o laço,
Os bastos e o tirador,
E o mundo vira num rancho
Num fundo de corredor!

REFRÃO
E o gaiteiro não se apruma;
Num suador de fazê(r) espuma,
Meio torto nos arreios,
Só diz que “tá muito cheio!”;
E a gaita é uma mamangava,
Dessa preta que se encrava
No buraco dos esteios;
Dá um resmungo e um floreio;
E o Candinho já se solta;
Vai no canto e vem na volta
Com a Fermina tranco feio,
Bufando e mascando o freio,
Num passo de manga-larga,
Rachando o salão no meio!

Quem nasceu pr’a a lida bruta
Tem sina de peleador;
Segura os golpes da sorte
Com manhas de domador;
E quem tem sangue de gaúcho,
Tem sangue de payador;
Nasceu com o mapa no peito
E o jeito de laçador!

E quando tem baile campeiro
O dia tem outra cor,
A tarde se faz alegre
E a lida tem mais sabor;
A peonada guarda o laço,
Os bastos e o tirador,
E o mundo vira num rancho
Num fundo de corredor!

REFRÃO


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