Milonga Abaixo de Mau Tempo
Pros Mates (2010)
Alma de Galpão
(Mauro Moraes)
Coisa esquisita a gadaria toda
Penando a dor do mango com o focinho n'água
O campo alagado nos obriga à reza
No ofício de quem leva pra enlutar as mágoas
Olhar triste do gado atravessando o rio
A baba dos cansados afogando a volta
Na manhã de quem berra num capão de mato
E o brado de quem cerca repontando a tropa
Agarra, amigo, o laço enquanto o boi tá vivo
A enchente anda danada molestando o pasto
Ao passo que descamba a pampa dos mil réis
E a bóia que se come retrucando o tempo
Aparta do rodeio a solidão local
Pealando mal e mal o que a razão quiser
Amada, me deu saudade
Me fala que a égua tá prenha, que o porco tá gordo
Que o baio anda solto
E que toda cuscada lá em casa comeu
Coisa mais sem sorte essa peste medonha
Curando os mais bichado' deu febre no gado
Não fosse a chuvarada se metendo a besta
Eu traria mil cabeça' com a bênção do pago
Dei falta na santinha limpando os pessuelos
E nos terços de tentos nas preces sinuelas
Logo em seguidinha, na semana santa
Vou cego pra barranca e só depois vou vê-la
Agarra, amigo, o laço enquanto o boi tá vivo...
Amada, me deu saudade...