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Regalo a Don Guita

Aporreado Conhaque (2010)

Ênio Medeiros

"Empeço, aqui, a payada, fazendo la vuelta de honor
Nestes verso' de contra-flor para o mestre das gineteadas
Dom Guita, venta rasgada que trás no sangue sua sina
Andar guasqueando em cima dos maulas que escondem o rastro
Enforquilhado no basto ou encedrado nas crinas"

Para quem nasceu como tantos, crioulo desta fronteira
Comungou pelos galpões das catedrais mais campeiras
Atando corincho de xucros no pelado das tronqueiras
Atando corincho de xucros no pelado das tronqueiras

As mãos que golpeiam potros, criadas sem prepotência
Ensinaram a ginetear os que não tinham esperiência
Insertando e amadrinhando os florões desta querência
Insertando e amadrinhando os florões desta querência

Mestre Dom Ademar Silva, peão campeiro e domador
Traz a alma nas chilenas e a sina de potreador
Pastando em volta do rancho, à soga, no maneador
Pastando em volta do rancho, à soga, no maneador

Foi como choro das garras e dos flecos do puleiro
Na cantilena dos garfos, o tinido do cincerro
E acolherou seu destino no lombo dos caborteiros
E acolherou seu destino no lombo dos caborteiros

Velho Silva, índio vaqueano que, do basto, fez morada
Sovou buçais e cabresto redomoneando potradas
Escreveu a dente de esporas se nome pelas manadas
Escreveu a dente de esporas se nome pelas manadas

Vive pataleando campos lá pelo Passo do Ivo
Aconchavado na estância, talvez, pra ter o motivo
De andar rangindo basteiras, gastando o aço do estrivo
De andar rangindo basteiras, gastando o aço do estrivo


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