Como quem reza pra um santo
Na devoção campo afora
Apresilho minha coragem
Com a correia das esporas
São pedro proteja os loucos
Que hoje eu meto uma tora
Faltam dez prá daqui a pouco
E o baile começa agora
Veiaca que esconde o toso
Batendo garra comigo
Mostro a marca da querência
Que eu sou do rio grande antigo
Eu não refugo bolada
Porque eu gosto do perigo
Tu vai entrar nesse baile
Porque eu vou dançar contigo
Meio bicho, meio gente
É minha alma e é meu sangue
Eu hoje vou me tapar
Com a bandeira do rio grande
Nasci nas covas de touro
Templado a fogo e a frio
Criado a trevo e babosa
E acostumado a mio-mio
De fronteira um verso potro
Do tipo meio arredio
Sou eu, o pingo e o cusco
Pode anunciar nosso trio
Campeando a toca dos oios
Sacudo meu doze braças
Que leva uns guizos na argola
Quando a gente faz chalaça
Quando cerra nos cabido
De algum brazino fumaça
Livro as orelhas e me estrivo
Na tradição da minha raça
Tem que ser doce de boca
O pingo pros meus arreios
Que venha pedindo rédea
Mascando o jogo do freio
Sereno pra lida bruta
Faceiro pros pacholeiros
Valente e doce de pata
Pra apartar boi nos rodeios
Numa pendenga a cavalo
Morro queimando cartucho
Tirar zebu do banhado
Pra mim é um troço de luxo
Bem no garrão do brasil
Vou aguentando o repuxo
Com a bandeira do rio grande
Bem no estilo gaúcho
Afetivo de cavalo de estimação.
Separar.
Palavra de origem guarany, pois nessa língua não existe vocábulos com o som da letra “L”.