Nesta minha vida gaudéria
Rodomoniada em galpão
Sou o luminar de um tição
Quase insignificante
Mas trago no meu semblante
O payador farroupilha
Que peleando nas coxilhas
Mostrou-se ser um gigante
Sou legenda, sou a estampa
Das famílias campesinas
Sou o tropel, sou as crina
Do potro que corcoveia
Sou o couro da maneia
Sou o buçal de um redomão
Sou faísca de um tição
Que num instante incendeia
Sou a chaleira na frente
Aquecendo no borraio
Sou o ruído de um baraio
Sou o trançar de uma primeira
Sou fruto da pitangueira
Que a natureza criou
Sou raiz que se alastrou
Da minha terra missioneira
Sou o tropel da manada
Disparando no vargedo
Sou a sombra do arvoredo
Amenizando o calor
Sou raia pra um corredor
Em carreiras de campanha
Sou um talaçaço de canha
Pra afogar mágoas de amor
Sou o grito do quero-quero
Vigilante nas coxilha
Sou do bodoque a forquilha
Nas mãos do piá caçador
Sou tento pra um trançador
Fazer trança com capricho
Sobre um balcão de um bolicho
Sou um truque, um cantar de flor
Cavalo novo que ainda não levou lombilho.
Primeiro apero do “preparo” da encilha.
Estilingue.
Guri.