Na beira da caçada alguém caiu
pessoas que passavam sem olhar –
um violão caído a poucos passos
cenário muito pouco, singular.
até que alguém parou pra escutar
levou-lhe a mão no peito para ver
se havia um coração, mas constatou
que o mesmo já cessara de bater.
está morto foi um grito pra ninguém
o mundo continua a caminhar
e ao levarem seu corpo ninguém viu
a lágrima contida em seus olhar.
somente o violão que foi guardado
amigo inseparável deste homem
sabia todo drama de uma vida
e que morte de seu dono tinha um nome
maldade, só maldade, indiferença
do mundo e das pessoas que amou –
não tendo mais motivos pra viver
as noites e a bebida se entregou.
jamais encontrou eco nas cantigas
amou e foi olhado com desdém
tentou ser tudo um pouco nesta vida
e no entanto morreu sem ser ninguém.