Sou bolicheiro e vou lhe contar
Lidar com o povo, a coisa não é mansa
Não tenho tempo nem de me coçar
É canha no copo e bóia na balança
Já na segunda os problema começam
Os homi-da-lei querendo alvará
Os da prefeitura me medindo a peça
Os da saúde mandando lava
A meia-noite eu fecho o boteco
Saio pra vila prestando socorro
Tem cada porre de estraviá os taréco
E cada pauleira de junta cachorro
Tem nego bom que se faz de louco
Me compra fiado e manda devolver
Seu papo-sujo me devolva o troco
Batata podre não dá para comer
Descobri um geito de vender barato
É pelo peso, produto e tamanho
Tem tanto os nego que me chama de gato
Já tenho medo até de tomar banho
A meia-noite eu fecho o boteco
Saio pra vila prestando socorro
Tem cada porre de estraviá os taréco
E cada pauleira de junta cachorro
Ser bolicheiro lá na minha vila
A coisa seria só eu que sei
Já tava rico se eu vendesse a pila
Todas putiadas que ali já tomei
Às vezes penso no juizo final
Se o patrão do céu revisar meus cadernos
Se aqui na terra eu já ando mal
Pior se me mandam bolichiar no inferno
A meia-noite eu feicho o boteco
Saio pra vila prestando socorro
Tem cada porre de estraviá os taréco
E cada pauleira de junta cachorro
O osso do jogo-do-osso.
A maior autoridade de uma Estância, Fazenda ou CTG.