Quem por muito andou tropeando, nunca teve pouso certo
Teve sim por companheiros a estrada e um céu aberto
Sempre firme nos arreios, galopeou a solidão
Deixando seu coração pra quem não vivia perto
Quem forjou pelos caminhos: cavalos, calos e amores
Bem sabe que os corredores não dão guarida e razão
Pois não é qualquer galpão que tem o calor da gente
Que sabe as coisas que sente fincadas no próprio chão
Não é que as dores da trilha não ensine a quem anda,
É que a cruzada se agranda e o que importa tem raíz.
O mundo é puro matiz, mas onde quer que se passe
O chão onde a gente nasce é o que a gente sempre quis
Por isso que quem carrega as manhas de ter andado
Conserva o solo sagrado desenhado nas retinas
Pois o beijo de outra china não é o da prenda mimosa
E a terra que não é a nossa nos vale o que nos ensina
Eu sou mais um que ja andou gastando o aço da espora
Mais da porteira pra fora, que da porteira pra dentro
É certo não me arrependo, porque vivi sem maldade,
E aprendi barbaridade, vivendo o meu próprio tempo.