A tropa vinha estendida
Pastando no corredor
Eu empurrava culatra
E também fazia fiador
Num bagual gordo e delgado
Arisco e corcoveador
Que se assustava da estaca
E da sombra do maneador
É brabo a vida de um taura
Que só trabalha de peão
Nisso uma lebre dispara
Debaixo de um macegão
Meu pingo só deu um coice
Escondendo a cara nas mãos
Saiu sacudindo o toso
E cravou o focinho no chão
Tentei levantar no freio
Mas era tarde demais
Eu vi uma poeira fina
Formando nuvens para trás
Berrando se foi a cerca
E cruzou pro lado de lá
Parecia uma tormenta
Cruzando em maçambará
Se enganchava nas esporas
Sobre a volta do pescoço
Cortando couro com pêlo
E tirando lascas de osso
Naquele inferno danado
Bombiei pro meu cebolão
Regulava quatro e pico
Numa tarde de verão
Senti a força do vento
Me arrancando dos arreios
E aquele bicho parecia
Que ia se rasgar no meio
Deixei manso e de confiança
Montaria de patrão
Pois honro o nome que carrego
Me orgulho de ser peão
/
Ao som de um farrancho, chego de à cavalo
Apeio no embalo, xúcro de um gaiteiro
Campeio meus troco, rodeio a guaiáca
E o cabo da faca, reluz no candiêro
Já entro pachola e vou pagando a ficha
Uma china me espicha um olhar de soveú
Vou direito a copa, cutuco a algibeira
E tapeio a poeira, na aba do chapéu
= refrÃo =
Falquejo uma prosa, capricho no trote
Já armo meu bote, prá uma fandangueira
O gaiteiro bueno, de canha se enxarca
E eu feito um monarca, me vou pra vaneira
Sou de pouca prosa, me agrada entrevero
E até bochincheiros, conhecem meu jeito
Tirando retosso, cordeôna, guitarra
E o gosto por farra, não tenho defeito
Prá o meio do baile, arrasto as chilenas
A noite é pequena bombeando as mulher
Se acaso puder a mais linda eu penero
E aparto a que eu quero pra arrastar o pé
No assoalho vermelho, do chão colorado
Eu danço embalado, nos braços da china
Esqueço da lida, pendênga e peleia
Quando ela arrodeia, me alisando a crina
Já na outra marca, aquece o assunto
Comigo vai junto, na prosa que encilho
É certo o namoro, no fim da noitada
É carga dobrada, no pingo tordilho.
/
Quando um matungo veiaco
Arrasta o toso comigo
Ali no mais eu me obrigo
Campear a sorte na espora
Cavalo é sempre um perigo
Na gineteada ou na doma
Deixo que a espora lhe coma
Que assim minha sorte melhora
Peguei gosto pela vida
De andar no mundo a cavalo
E hoje os que eu embuçalo
Também é por precisão
Pelas estâncias domando
Ou nos rodeios de xucros
A montaria é meu lucro
E os potros minha devoção
Depois que eu saltar no lombo
Só quandi que quero eu apeio
Minha fama anda a cavalo
E vai de rodeio em rodeio
As botas garrão de potro
E um sombrerito tapeado
Um tirador retalhado
De coices e manotaços
Vão desenhando na estampa
As cicatrizes da lida
E o meu seguro de vida
É um par de esporas de aço
Coletivo de militares e de bovinos.
excelente, bom, ótimo ou cavalo xucro
Afetivo de cavalo de estimação.
Reunião para cuido, que se faz do gado.
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Cavalo de pouca qualidade.
Avental de couro; pilcha exclusiva de serviço.