Trago distancia nos meus olhos povoeiros
vesgo de tanto contemplar os horizontes
da ilusão de que a verde das coxilhas
se refletisse na clareza de outras fontes
andei mundo sem mudar as minhas ânsias
e plantei sonho de querência e paz maior
pra que pudesse num cantinho desse campo
ter um rancho pra viver sem muita dor.
me faço ponto de pousada e calmaria
bebo nas águas da minha própria compreensão
pois pra mudar o traçado deste mundo
não é nas bingas e nas devas, por que não?
o mesmo sonho que embalou meu pai peão
em meu sonho de um pago sem fronteira
acreditando que a amplidão das sesmarias
girasse um mundo novo e sem porteira.
mas minha vida de peão tem muito sonho
e muito longe ainda está da realidade
e indiferente dos poemas e canções
que falam tanto de uma tal felicidade.