Adão Bráz
De cardeal, eu trago a sina, pois ganho a vida no bico
Entre Brasil e Argentina, cantando, me justifico
Pra adaga de ponta fina, eu faço corpo de mico
Não pago pensão pra china, nem dou louvado pra rico
Depois que eu ranjo meus dente
Não tem de mamãe me afaga
Não fujo de tempo quente
Nem de faísca de adaga
Honro a raça da minha gente
Da velha São Luiz Gonzaga
Beiçudo que corcoveia tenta e não me bota fora
Pois se rodar, se lonqueia no bico da minhas espora
No calor de uma peleia, meu sangue se revigora
E só conheço cadeia pelas paredes de fora
Depois que eu ranjo meus dente
Não tem de mamãe me afaga
Não fujo de tempo quente
Nem de faísca de adaga
Honro a raça da minha gente
Da velha São Luiz Gonzaga
Mandei benzer o meu mango em noites de sexta-feira
Uma maula, pra me dar um tombo é só que derreta a basteira
Minhas chilena matam a fome com sangue de barrigueira
Montei até em lobisome surrando com uma cruzeira
Depois que eu ranjo meus dente
Não tem de mamãe me afaga
Não fujo de tempo quente
Nem de faísca de adaga
Honro a raça da minha gente
Da velha São Luiz Gonzaga
Nas bailantas missioneira, aparto a mais cobiçada
No cabo de uma vaneira, danço de pata trocada
No ouvido da trigueira, falo só coisas que agrada
E a china mais caborteira se entrega na madrugada
Depois que eu ranjo meus dente
Não tem de mamãe me afaga
Não fujo de tempo quente
Nem de faísca de adaga
Trago a raça da minha gente
Da velha São Luiz Gonzaga
(Semo' missioneiro marca bugra,
não é meu amigo Adão Bráz?)
por nelson de campos
Lugar em que se nasce, de origem
Calçado com cano (curto, médio ou longo), feito de couro.
Espécie de açoite.
Queda.
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).