O vento que choraminga
Essa calma de neblina
É o mesmo que faz retoço
E maçaroca nas crinas.
Que venta contra arame
Sonando coplas campeiras
Dessas que abrem caminhos
Contra o fechar das porteiras.
Descansam botas e arreios
E as esporas gavionas
Pelegos retovam bancos
Se aquerenciam cambonas.
Mouros de lombos lavados
Rebolcam junto ao potreiro
E a tarde morre tão quieta
Soprando um vento noiteiro.
A noite adormece cedo
No feitiço dos fogões
Que acenderam luzeiros
No interior dos galpões.
Onde o vento força a quincha
Querendo roubar-me o sono
E entoa seu Sarandeio
Na copa dos cinamomos.
Chega tapeando o chapéu
Nos claros da madrugada
Secando o chão da mangueira
E o lombo da cavalhada.
Contraponteando juncais
Se vai quebrando quietudes
Trazendo bordões suaves
Das maretas do açude.
Com seus acenos de longe
Os galhos de um tarumã
(Reiúno, rei da invernada)
Vai repontando a manhã.
Parece que traz segredos
Nessa inquietude que ventas.
Pode mandar teus desmandos
Que o Barbicancho sustenta!
Dois sentidos: nó enredado de cabelo ou crinas e ou intriga.