(Edson Copetti)
É com saudade que recordo das tropeadas
Chuvas e geadas que dobrei com meus avios
Naquele tempo em que a lida me levava
Onde eu cruzava serras, matas, campos, rios
Tinha na estampa a rudeza do campeiro
E, por primeiro, o respeito com a boiada
Não há notícia que eu perdi algum novilho
Neste meu trilho de cruzar léguas de estrada
Era, era, boi
Vai levantando a poeira do estradão
Trago no peito as lembranças do passado
E esta saudade me machuca o coração
Que coisa linda a comitiva estendida
Seguindo a lida na direção do povoado
E a gauchada com a cuscada, em retoço
Neste alvoroço iam gritando com o gado
Quantas façanhas que ficaram como exemplo
Para esses tempos que nos versos eu bendigo
E dava gosto de ver toda a gauchada
Sempre disposta a matar ou morrer pelo amigo
Era, era, boi...
Encilho o mate e a nostalgia me peala
Nada se iguala a este passado de andanças
Espero ainda rever as grandes tropeadas
Que, desgarradas, só as tenho nas lembranças
Tenho consciência que não fico pra semente
Mas pros tropeiros que me orgulho e tiro o chapéu
Igual ao boi na sua derradeira jornada
Faço minha última tropeada lá pro céu
Era, era, boi...