Esta oito soco nas munheca deste peão
Sai dando bote que nem cobra machucada
Sobra quem diga que fandango de galpão
Numa vanera e muito poço quase nada
Sou tocador de repertório limitado
E esta verdade eu não escondo de vocês
Acho que é por isso que quando me dá na loca
Eu dou-lhe boca e toco a mesma duas veis
Este teu ronco gaita véia me emociona
No teu compasso eu faço verso más campeiro
Numa bailanta com a indiada redomona
Lhe prega um grito: Toca outra missioneiro!
Este teu som é muito más que um convite
Pra tirar a prenda e sair sacudindo a trança
Até a veiarada fica cheia de apetite
Bate os tamancos e de vereda vai pra dança
Faz tanto tempo, muito tempo eu não me lembro
Quando eu tocava num fandango na fronteira
Se não me engana foi entradas de setembro
Garrei no sono reflechando uma vanera
Eu toco a mesma sem notá e me dou conta
Quaje uma hora num compasso sem mudá
Ainda bem que a gauchada meia tonta
Arrasta a bota e não me pede pra Pará
Contribuição: Nelson de Campos