(Cid Ramos)
Todos me chamam de taura, o apelido que ganhei
O meu pai me deu uma gaita, em trinta dias toquei
As tempestades da vida, todas elas enfrentei
Sempre de cabeça erguida, assim vou levando a vida e minha raça sempre honrei
Todos me chamam de taura pelo meu modo e meu jeito
Sou peão bom de serviço, sou honesto e de respeito
Só não me pisem no pala porque eu acho um desaforo
Se pisar, leva no lombo a marca do meu marca-touro
Resolvi dar umas volteada', em São Paulo trabalhei
Mas confesso, companheiro, que muitas vezes chorei
De saudades da querência e de uma prenda que deixei
Tudo isso veio à tona, dei de mão na minha cordeona e pro Rio Grande voltei
Todos me chamam de taura pelo meu modo e meu jeito...
Hoje só resta saudade que machuca o coração
Das tertúlia' com meus manos no nosso velho galpão
Ali nós passava a noite junto a um fogo de chão
Que não sai da minha memória, nosso pai contava história da velha revolução
Todos me chamam de taura pelo meu modo e meu jeito...
De repente uma milonga pra nossa felicidade
Dona Lila no violão na maior simplicidade
Nosso pai servia o mate cheio de orgulho e vaidade
Os dois eram laço e tento porque já naqueles tempos eram tauras de verdade
Todos me chamam de taura pelo meu modo e meu jeito...