(Luciano Rosa)
Eu vô varrendo, eu vô varrendo e vô fungando poeira
Dê-lhe vassoura no chacoaio de vaneira
Eu vô varrendo, eu vô varrendo, nega, mexe as cadeira'
No resvalo da carqueja, chacoaiando a mondongueira
Bamo varrê o terreiro com a vassoura de carqueja
Vamo meter surungo, chinaredo e cerveja
Baile véio de estouro pra esse povo que peleja
De boia vai ter putchero e umas tchiangas de bandeja
Eu vô varrendo, eu vô varrendo e vô fungando poeira...
Quem inventou surungo de chão batido e candieiro
Por certo era um gaúcho louco por entrevero
Que, assoviando uma marca, imitando gaita e pandeiro
Dançando ia varrendo o santo chão fandangueiro
Eu vô varrendo, eu vô varrendo e vô fungando poeira...
Assim se fez o mundo do surungo de ramada
À luz de candieiro e de lua prateada
Berço de tradição, entrevero da gauchada
Que crava o facão no toco prum baile de cola atada
Eu vô varrendo, eu vô varrendo e vô fungando poeira...
Eu vô varrendo, vô varrendo no reponte da vaneira