Vaine Darde, Beto Caetano
quando disfarço essa inércia de tear
e movimento os finos fios da tua roupa,
a poesia tece versos em nós dois,
para depois virar milonga em tua boca.
o tempo vasa nas areias da lembrança,
pulsando acordes de esporas no silêncio
em cada pêndulo que dita a hora grave
quando o amor, partido ao meio, perde o senso.
quando eu bebo deste vinho das paixões
e me embriago pelo som dos teus cristais,
em cada espelho eu me vejo menos velho
e em cada palco a vida sonho, um pouco mais.
as horas solam realejos de relógios,
a vida volta a ter consciência do universo,
no sortilégio desta lira pastoril
que põe auroras de canários no silêncio.
a pampa escorre pelas veias do teu braço,
se faz compasso pra embalar meu coração,
és um tear, tecendo velos de saudade
para vestir de encantamento a solidão