Nas horas largas nos meus mates de saudade
Quando a cidade já acende seus luzeiros
Vou relembrando na tristeza que me invade
Os fins de tarde nos meus tempos de campeiro.
Cantava junto com os ferreiros no pomar
Só prá quebrar a quietude da campanha
E agora tendo tanta gente ao meu redor
É bem maior a solidão que me acompanha
Goteja prantos lá no céu sobre esses ranchos
Quando um carancho como eu foge do ninho
E sorve mates nesta busca de si mesmo
Ou vaga e esmo na procura de carinho
As vezes boto minha roupa endomingada
Nas madrugadas dos bailões de chão adentro
Seguro as ânsias de voltar pro velho pago
E tomo uns tragos prá esquecer o desalento
Componho o mate e aproveito a mesma erva
Que ainda conserva um gostinho lá de fora
Um dia destes pego os cobres de reserva
Boleio a perna em algum trem e vou me embora
Só é mate se tiver algum jujo (chá) junto com a erva.