O Louco
Herança dos Livres (2011)
Patricio Maicá
Pelas ruas da cidade
vai o perfil de campeiro,
quantas marcas de saudade
na expressão deste tropeiro.
e hoje a pé, despacito
leva a tropa imaginária.
maluco, a falar solito.
estampa guapa e lendária!
será que foi o progresso
culpado desse descaso?
ou se a vida sem regresso
chega ao fim,tão triste o caso.
a realidade amarga,
não traz a paz nos caminhos
e o louco ao findar à tarde,
fala, canta, e ri sozinho!
e quando o cansaço lhe chega,
se senta pelas calçadas,
e nem ouve a gurizada
que lhe arrodeiam gritando :
- olha o louco! olha o louco!
pois seus olhos de ternura,
se perdem pelas lonjuras
a buscar novos caminhos.
quantos tropeiros conheço
que já não sabem o seu rumo
e cada passo é um tropeço,
outra erva, outro fumo.
e neste mundo maleva,
de tão difícil guarida,
quem sabe o sonho do louco
é melhor que outra vida.
será que foi o progresso
culpado deste descaso?
ou se a vida sem regresso
chega ao fim, tão triste o caso.
a realidade amarga,
não trás a paz aos caminhos.
e o louco ao findar à tarde,
fala,canta e ri sozinho
fala, canta e ri sozinho.