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Campesino Cantador

Estâncias da Fronteira (1999)

Luiz Marenco

Campesino cantador, desfraldo um bronze rural

Com gosto de pastiçal e aromas de campo em flor

Um assovio faz fiador, e se entropilha no meu verso

Comigo mesmo eu converso, a lo bruto, guitarreando

E escuto o mundo pulsando, no coração do universo


Trago dos velhos galpões, baldas e perfis humanos

E centauros americanos em de redor dos fogões

Fecundando aspirações que se perderam ao léu

E ao rebentar o sovéu, me paro quieto a cismar

Pois quando empeço a pajar, eu canto olhando pro céu
Int.

Pois todo cantor campeiro, que apeia de rancho em rancho
E
Muito mais que esse andar ancho de gaudério e estradeiro

Carrega um vento, um pampeiro no mais fundo do tutano

E se abre o peio paisano pela redenção social

Transforma o canto em missal ou num libélo pampeano


Me perdoem se me miro, e me vejo chão campeiro

Pois um taura guitarreiro, se torce mas não dá giro

Esse é o arame que estiro no lombo do descampado
Sou um taita meio abugrado, cantador de alma andeja

Que tem o céu por igreja e a pampa de altar sagrado
Int.

Por aqui paro a guitarra, que soluça em mi maior

E limpo a gota de suor, que no bigode se agarra

Lá longe meu pingo esbarra e relincha, que maravilha

Pois sabe que quem o encilha, carrega um pampeiro, um vento

Que esporeia o pensamento, da paleta até a virilha
Int.


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