De Lua Linda
Enchendo os Olhos de Campo (2000)
Luiz Marenco
A Lua cheia ponteou de novo no céu da pampa
Desenhando a estampa, imagem clara, poncho e chapéu
Tranco largo, bom cavalo quando o céu, num pealo
Fez uma estrela vir de boléu
Luz cadente, noite afora e o meu par de espora
Tem um brilho raro vindo do céu
E o meu par de espora tem um brilho raro vindo do céu
Faz contraponto c'o a prata inteira destas rosetas
Clareando a silhueta que a luz da Lua estendeu no pêlo
Minha Gateada lume o ouro que prendeu no couro
Pra trazer o brilho, assim, de sinuelo
E a lembrança é um açoite pra quem vê, na noite
Uma flor amarela enfeitando o cabelo
Pra quem vê, na noite, uma flor amarela enfeitando o cabelo
Toda distância se perde, aos poucos, rumando à estrada
Léguas e a Gateada, ao tranco, parece que voa
Sabe o rumo, falta um eito, pois me aperta o peito
Uma lembrança dela que andava à toa
Frouxo as rédeas e as ponteçuelas quebram Lua e estrelas
No espelho grande e fino da lagoa
Quebram Lua e estrelas no espelho grande e fino da lagoa
Quem tem retornos no rosto da amada junto à cancela
E a lembrança dela, numa saudade, que é minha ainda
Faz, da estrada, um verso assim, ela espera por mim
Com um aceno e um beijo de boas-vindas
Flor morena, minha sina, o teu riso é a rima
Pra essa chacarera de Lua linda
O teu riso é a rima pra essa chacarera de Lua linda
A saudade, aos poucos, dentro da noite, vai indo embora
Largo da espora as duas estrelas quando a estrada finda
Outro par de olhos negros me contam segredos
Desses que a noite nem sabe ainda
A saudade é um mundéu, teu olhar é um céu
Pra essa chacarera de Lua linda
Teu olhar é um céu pra essa chacarera de Lua linda
Teu olhar é um céu pra essa chacarera de Lua linda