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Caso a Lua Fosse Cheia

Querência Tempo e Ausência (2006)

Luiz Marenco

Há um sorriso de lua, "quarto-crescendo" no céu
Se escondendo no chapéu, de ventos já desabado
Frente ao olhar que retoma, que é um vistaço no dela
Mirando desde a cancela, um sonho do mês passado

Mais uma vez me entrego, de alma e de coração
Dando rédeas pra razão, que às vezes bota maneia
Preparo trança de doze, bombilhas de prata e ouro
Pra ir luzindo no couro, caso a lua fosse cheia

Amar é desencilhar, quando se chega em visita
Depois soltar as desditas, pra um fundo de invernada
Tomar um mate cevado, com poejo e boas vindas
Olhando os olhos da linda, matar a sede da estrada

Quem anda de alma estradeira, "às vez" se perde de si
Por isso que hoje parti, bombeando a lua de perto
Direito a um rancho "nas lavra", onde mora o bem querer
Motivo pra se estender, num trote de rumo certo

Sabe deus que me conhece, faz um "punhado" de anos
Que eu tenho feito meus planos, e a coisa já andou feia
Que ia ser bem bonito, eu mostrando a noite bela
Pra minha linda na janela, caso a lua fosse cheia

Amar é buscar mais lenha, pra o fogo na madrugada
Depois de mate e estrada, de sonho e alguma razão
E entregar toda alma, sem rédeas e sem aviso
Acostumando um sorriso, às baldas de um coração.


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