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Rancho Vazio

De Estância em Estância (1969)

Gildo de Freitas

Meu velho rancho gaúcho, tapera velha isolada
Sem um carinho, sem nada a tristeza me invadiu;
A olhar-te desse jeito eu cheguei a conclusão
Que tu e o meu coração são ranchinhos vazios.

E teu pé de paraíso que sempre foste podado
Hoje te achas abandonado com as folhas toda amarela
A culpada foi aquela de uma falsidade alta
Que há de sentir a falta de tudo que fiz por ela.

E do teu terreiro amigo que sempre foste varrido
Hoje tu achas invadido por espinhos e macegais
Vou fazer-te uma limpeza para ver se tu realças
Mas aquela mulher falsa não entra aqui nunca mais.

Olha ali só que tristeza como esta minha mangueira
Nem as varas da porteira que eram novas não existem
E tu palanque de angico como esta forte, bem lindo,
O que eu to resistindo, só tu palanque resiste.

Palanque tu foi plantado para agüentar o tirão
O meu pobre coração já nasceu com a mesma sina
De tanto levar tirões já vive todo cortado
E eu também recortado dos golpes daquela china.


Mas eu vou mudar de vida, vou varrer bem o teu terreiro
Por um porco no chiqueiro e cuida da vaca também;
Vou revarar a mangueira e cuidar da plantação
Para esquecer o tirão daquela china caborteira.


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