A Mula do Falecido Palmeira
De Estância em Estância (1969)
Gildo de Freitas
Pra mulão de qualidade só sendo minha tostada
A mula me conhecia até mesmo pela pisada –
Tinha uma franja bem grande de cola e crina aparada
Ganhou uma vez numa festa uma figa pra cabeçada.
Eu cheguei a enjeitar três mulas pela tostada
Tinha uma mula picaça das quatro patas calçadas
Tinha uma mula ruzia e outra vermelha dourada
E eu respondi pro dono não me agradei da mulada.
Quem vê eu contar a historia pouco crê e da risada
Mas a mula merecia por ser bem ensinada
Tinha uma estrela na testa pela natureza dada
Parecia a estrela dava assinalando a madrugada.
Hoje sei deito não durmo me lembrando da coitada
Vou contar pelo que foi, minha mula foi roubada
Agarrei minha pistola com bala e bem azeitada
Abandonei o meu rancho e sai campeando a tostada.
Eu me encontrei com o ladrão a cavalito na estrada
Vinha vindo numa mula magrinha e mal encilhada
A mula me conheceu e ali ficou empacada
Pela estrela eu conheci que era a minha tostada.
O ladrão prevenido fez a primeira pegada
Puxemos as pistolas juntos e as balas foram trocadas
Um bala eu peguei nele e outra pegou na tostada
E a pobre da minha mula teve um fim triste na estrada.