Adeus Lindo Rancho
Rio Grande de Outrora / Crime de Amor (1981)
Teixeirinha
Vendi meu rancho
Coisa mais linda do meu mundo
Com três figueiras no fundo
Conquistava os meus carinhos
Beleza rara
Galhos abertos prá fora
Nasceu prá o romper da ourora
Receber os passarinhos
Na sua sombra
Tomava o meu chimarrão
Balbuciava uma canção
Respirando a natureza
O meu olhar
Nas paisagens se perdia
Sem saber que hoje em dia
Ia chorar de tristeza
Noites e noites
Sonho e acordo chorando
Dos coqueirais relembrando
Dentro do grande jardim
Junto das flores
Tem árvore de toda espécie
Orvalhadas amanhece
Chorando a falta de mim
Meu lindo rancho
Prá o nordeste está de frente
E o rio de água corrente
Cruza a dez metros da porta
Os aguapés
Que passa com a correnteza
Deve saber da tristeza
Que no meu coração corta
Alguém pergunta
Mas a tua companheira
Que é uma gaúcha faceira
Ainda não falou nela
Eu falo agora
Sem querer lhe ofender
Ela é que me fêz vender
A minha querência bela
No lindo rancho
As paisagens o rio de água
Da companheira tem mágua
Porque ela deu o despreso
Judiou de mim
Mas hoje ela tem remorso
Por que esquecer não posso
Na saudade fiquei preso.
Meu lindo rancho
Hoje em mãos de outro dono
Talvez está no abandono
De mim sentindo a saudade
Na capelinha
De fátima que lá deixei
Ajoelhado chorei
Lágrimas prá eternidade
Quando eu morrer
Deus me dê coragem e calma
Deixa a minha pobre alma
Visitar o rancho primeiro
Depois então
Me leve ao reino da glória
O rancho fica na história
Deste infeliz seresteiro.