Marca Quente
Menina Margareth / Vida e Morte (1980)
Teixeirinha
Eu sou gaúcho
Daqueles da marca quente
Que atropela
Touro brabo na envernada
Desde criança
Ando sozinho no mundo
E aprendi
A não ter medo de nada
A covardia
É uma coisa que eu detesto
Todo covarde
Deveria nascer morto
Aí nem um
Diria que eu não presto
Que não sou resto
E nem pau que nasce torto
Não sou mais valente
Sou homem igual a outro
Adoro uma mulher
E amanso qualquer potro
Sou raça de outras eras
Do meu rio grande antigo
Detesto homem covarde
Que corre do perigo
Quando um covarde
Me ataca na imprensa
Fala de mim
De inveja da minha fama
Se eu vou nele
Dispara que nem ovelha
Entra pro quarto
E vai prá baixo da cama
Venha de frente
Me fale de cara a cara
Acho bonito
Quando um homem faz assim
Mas hoje em dia
Homem assim é coisa rara
É um zé taquara
Que só tem medo de mim
Não fale mais de mim
Cabo de quarda-chuva
Se não tu vai deixar
Tua mulher viúva
Tu vais pro mundo
Chorar por uma vela
Deixa a mulher viúva
E eu tomo conta dela
Como é bonito
Ver um homem de coragem
Que ama os filhos
E a mulher do coração
Mas como é feio
Ver um homem covarde na guerra
Quando só presta
Prá ser bucha de canhão
Eu dou azar
Quando um covarde aparece
Fala de mim
E eu não posso pegar ele
No fim dou sorte
Sua mulher me conhece
Já não me esquece
E eu carrego a dona dele
Mulher de homem covarde
Eu levo por vigança
Nenhum deles enfrenta
Meu peso na balança
Só quando enfrento um homem
Eu vou e ele vem
Se me botar a marca
Leva a marca também